sexta-feira, 2 de março de 2018

Os grupos de WhatsApp e a Escola




Por Catarina Iavelberg, especialista em Psicologia da Educação.

Hoje em dia, é muito difícil alguém ter um telefone celular e não acessar aplicativos como o WhatsApp. Por meio dele, são criados grupos com diversos objetivos, sempre com a intenção de fortalecer a comunicação entre os usuários. Algumas conversas têm finalidades escolares. Pode-se, por exemplo, avisar sobre lições de casa e tirar dúvidas com os colegas. Outras servem apenas para entreter e incluem trocas de vídeos, fotos e piadas. Infelizmente, também há conversas usadas para denegrir, caluniar, fazer fofoca e difamar colegas, professores e gestores. 

Muitos alunos que estão nos anos finais do Ensino Fundamental já possuem celulares, e a maioria está inserida em pelo menos um tipo de rede social. Essas interações geram, portanto, implicações para a família e para a escola. Os pais precisam ficar atentos ao conteúdo que circula nos celulares dos filhos, fiscalizar e controlar o uso dos aparelhos. Entretanto, o mais importante é manter sempre um diálogo sobre as questões éticas que envolvem a participação nas redes. O que o jovem deve fazer se receber uma mensagem que expõe uma pessoa? Como agir ao ler um texto com conteúdo preconceituoso? Quais as consequências de participar de uma conversa que envolva cyberbullying? 

É essencial lembrar que crianças e jovens aprendem com modelos. Então, os pais têm de se questionar sobre o uso que eles próprios fazem do celular e a qualidade de suas participações em aplicativos como o WhatsApp. Pensando no ambiente escolar, muitos criam grupos de conversa com o objetivo de fortalecer o vínculo entre as famílias e compartilhar informações sobre assuntos pertinentes à vida de crianças que estão na mesma classe. Porém, alguns acabam por trazer prejuízos enormes para os próprios alunos e para a escola. Isso ocorre, por exemplo, quando a interação é usada para queixarem-se sobre a conduta de professores ou estudantes. 

Há pais que, diante de um problema, em vez de buscar um canal direto de comunicação com a escola, expõem suas preocupações em mensagens de texto de forma ofensiva e desrespeitosa. Já soube de grupos de familiares que se mobilizaram para pedir a expulsão de alunos ou mesmo o afastamento de docentes. Também não é raro presenciarmos responsáveis que expõem os próprios filhos e outras crianças com imagens ou palavreado inadequado, julgamentos e estigmatizações desnecessárias. Problemas pequenos acabam ganhando uma dimensão maior, o que só dificulta a resolução. Assim, surgem indisposições e até inimizades entre os pais dos alunos. 

À escola, cabe orientar as famílias a fazer um uso potente desse recurso tecnológico, por exemplo, compartilhando assuntos de interesse geral (sobre saúde, programação cultural etc.), e lembrá-las de que, quando tiverem questões sobre a vida escolar dos filhos, o melhor canal é a comunicação direta com a gestão. Afinal, alguém já viu um problema delicado ser resolvido pelas redes sociais? Também é interessante promover reflexões com os estudantes sobre o uso consciente dessas ferramentas e utilizá-las em sala de aula de maneira positiva, potencializando a construção de boas relações e o aprendizado. 

Fonte: https://gestaoescolar.org.br/conteudo/1661/os-grupos-de-whatsapp-e-a-escola

quinta-feira, 1 de março de 2018

O desafio da Docência Criativa





Estimular a criatividade no cotidiano da sala de aula é um desafio quando nem o currículo nem a própria organização escolar são pensados neste sentido. Mesmo assim, é possível trabalhar de forma que o processo de criação caminhe em paralelo ao conteúdo das disciplinas – favorecendo não só o aprendizado, mas a busca por saídas diferentes.



A criatividade, de fato, é um fenômeno complexo que envolve a neurociência, a psicologia, a filosofia, a estética, a pedagogia, entre outras ciências. No entanto, a criatividade é algo constitutivo, é um traço essencial do ser humano, todos somos criativos em diferentes graus. Todos nós nascemos capazes de simbolizar, de criar.




Uma grande questão é que temos, no jardim de infância, muito espaço para desenvolver a autonomia para a criação. À medida em que avançamos os níveis de ensino, a criatividade vai sendo tolhida pelas exigências de um currículo que ainda é muito conteudista e que, apesar dos largos esforços de torná-lo focado em dimensões de competências, ainda engessa a liberdade criativa.



Na prática, para fazer com que a criatividade seja um elemento presente no dia a dia da sala de aula é necessária uma abordagem em duas frentes: em relação ao professor, que deve estar disposto a encontrar alternativas de ensino e necessita ser bem formado com vistas a organizar bem as estratégias criativas, e em relação ao aluno, que precisa estar sensível aos processos de criação.




A internet e as novas tecnologias têm provocado um outro entendimento de mundo para crianças e adolescentes: o pensamento e a resolução de problemas é mais ágil, mas o conhecimento é muito superficial. O mundo é muito visual, o que demanda mudanças na abordagem do ensino. Além disso, o mercado de trabalho acolhe mais favoravelmente hoje os profissionais criativos. Neste sentido, o Professor necessita ser um propositor de criatividade em sala de aula.



A educação maker, ou a do "faça você mesmo" tem sido uma estratégia amplamente disseminada nos últimos anos nas escolas brasileiras. A robótica educacional, por exemplo, em que o aluno é responsável por encontrar a solução de um problema de maneira criativa, tem contribuído para melhorar o processo de aprendizagem e mostrado que é possível inserir um componente novo à sala de aula.



A Docência Criativa perpassa por múltiplos fatores, mas é fundamental considerar que isto permitirá à escola estar mais conectada com o mundo contemporâneo. Permitir-se à criatividade é estar engajado com as possibilidades de o aluno descobrir o mundo por si mesmo.




Para saber mais, sugiro:

RAABE, A. L. A. et al. Educação criativa: multiplicando experiências para a aprendizagem. Recife: Pipa Comunicação, 2016. 470p. (Série professor criativo, IV).




Boa leitura!
:)